segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Auschwitz

Somos zumbis

Em um safári de pedras,

Preciosos rubis

Por escuras ruas nuas

.

Somos urbanos,

Sós em meio à multidão;

Subúrbios humanos

De fome, peste, sem nomes, sem vestes

A esmos na escuridão

.

Somos o mal

Em cada face da dor;

O impulso animal

Do sexo anexo ao perplexo amor

.

Somos impulso,

A vontade em todo desejo;

Perigosos avulsos,

Fatais no beijo

.

Somos carne e pão

Em uma melodia de meio dia;

Somos sangue e mel’agrião,

A morte,

Amor tenro em romântico cântico à melancolia

.

Somos sinais

Em uma estação de trem;

A vida que de um violino esvai

Às lágrimas de uma princesa prisioneira

Do passado tanto amado, do pranto refém

.

Somos a noite e a escuridão,

As sombras e os sussurros

Das almas que vêm e vão;

Somos aqueles que invadem os sonhos:

A agonia manifesta nos urros,

O desespero insolente da mente,

O medo medonho,

A ansiedade desmedida

.

Somos soldados sem sol, sem dados,

Sem sinfonia de vida;

O sofrimento das lembranças devidas,

O início, suplício, que segue para o fim...