Somos zumbis
Em um safári de pedras,
Preciosos rubis
Por escuras ruas nuas
.
Somos urbanos,
Sós em meio à multidão;
Subúrbios humanos
De fome, peste, sem nomes, sem vestes
A esmos na escuridão
.
Somos o mal
Em cada face da dor;
O impulso animal
Do sexo anexo ao perplexo amor
.
Somos impulso,
A vontade em todo desejo;
Perigosos avulsos,
Fatais no beijo
.
Somos carne e pão
Em uma melodia de meio dia;
Somos sangue e mel’agrião,
A morte,
Amor tenro em romântico cântico à melancolia
.
Somos sinais
Em uma estação de trem;
A vida que de um violino esvai
Às lágrimas de uma princesa prisioneira
Do passado tanto amado, do pranto refém
.
Somos a noite e a escuridão,
As sombras e os sussurros
Das almas que vêm e vão;
Somos aqueles que invadem os sonhos:
A agonia manifesta nos urros,
O desespero insolente da mente,
O medo medonho,
A ansiedade desmedida
.
Somos soldados sem sol, sem dados,
Sem sinfonia de vida;
O sofrimento das lembranças devidas,
O início, suplício, que segue para o fim...