Brô, tô cansado dessa vida
São manos sequelados
Por todos os lados
É fogo, é roubo, é bala perdida
Não curto esse jogo,
Pois logo
Uma morte é certa
Sempre há
Quem o gatilho aperta
Rogo, não nego
Pela alma do coitado
Por um boné foi matado
No estouro de um prego!
Morta é a condição do sujeito,
Predicado simplificado
Nesse mundo sem respeito
Por um piá de menor
O ato foi feito
E o que é pior
Ele nem tá em cana
Vive na janela
Da risada e me abana
Brô, tô bolado co'a justiça
No latim, a rima é laetitia
Mas quando mano se atiça
Dois estouros, peito de touro, chumbo no couro
Junta-pés de gentil
É a segurança na ponta do fuzil
Advogado
Porta de cadeia
X9
Que resolve a peleia
Ei, habeas corpus
Malandro tá na rua
Protegido pelos porcos
Brô, isso é descaso,
Caso sem acaso
Sem data, sem prazo
Injustiça na cabeça
Então não se esqueça
Se liga, abre o olho
Ou cê vai levá pipoco
Do berro nos cocos
Todos homens ocos
Sem esperanças
Não somos mais crianças!
Brô, vê se entende agora essa
No mundo ao qual pertenço
A morte não tem pressa
Minha fala
Pode ter bom-senso
No crime
Garoto é homem tenso
Que rouba, que mata,
Que pira intenso
Brô, não se cala
Mostra sua rima
Expressa sua fala,
O verso inteligente
Vem de dentro da gente
É uma fome, uma voz
É uma vibe dentro de nós
E ela não para
Ela grita, enfeitiça
Chega de injustiça!
Nenhum comentário:
Postar um comentário