segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Haiti
Deus abandonou o homem à sua imagem e perdição;
Bastaram minutos para o fim do mundo
E no pó muitos estão e ficarão esquecidos.
Médicos tentam curar a esperança,
Mas a alma já está morta;
Homens resgatam vidas,
Mutiladas mulheres dão vida à luz do entardecer.
A torre confundiu as línguas dos homens,
Por isso poucos falam amor;
Deus abandonou o homem à sua sorte e arbítrio.
Todas bocas que falam sentem fome
E a fome é a língua da dor e do abandono;
A terra tremeu; desde então as crianças só choram...
Morte
São centenas de pensamentos turvos;
Opacas formas de perceber,
Se perceber
O corpo é uma marionete,
E a vontade, um caos;
Desfigurada realidade
E o que é real?
A lâmpada parece piscar,
Os olhos ardem irritados,
A cabeça lateja densa
A lua observa um córrego vermelho,
São quietudes narradoras de tonturas,
A carne cai, a vista fixa, as pupilas dilatam a noite...
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Poesia
Levando consigo uma pequena parte de nós
Deixando conosco uma grande parte de si
Enquanto nós passamos na efemeridade da vida
A poesia permanece em sua austeridade
Encantando outras vidas
Possuindo outras vidas
A poesia é o acontecimento
De algo que não se vê com o olhos
É a indefinição por excelência
Somos os veículos da poesia
Estacionados em sentidos que correm
Dentro de enormes garagens
Onde guardamos sempre o melhor para nós
A Janela
Vejo o mundo acontecendo...
Em algumas manhãs chove lá fora,
Em outras, há o ocre do dia.
A janela é o limite do meu mundo;
Há um outro mundo lá fora e
Não há espelhos quando se anda pelas ruas.
O tempo passa quando não estamos olhando
E passa depressa quando esquecemos dessa existência;
A janela reflete quem sou e
Desnuda o mundo aos olhos meus.
A janela é a fenda no tempo;
O momento do eterno envidraçado
Só para refletir aquilo que chamo solidão...
domingo, 10 de janeiro de 2010
Simples Assim
Tudo é tão simples quando estou perto de ti
Um mundo passa diante de nós
E o tempo parece não passar
É apenas amor...
Quando tua cabeça cai sonolenta ao meu peito,
Meu coração bate mais forte para que tua alma saiba
Que ele só bate, porque estás ali...
Quando despertas, o cafuné termina em longos beijos,
E logo, com a cabeça ao meu colo, narras tuas histórias;
Fico somente calado mirando nos teus olhos,
Mergulho num oceano profundo e
Afogo-me nos braços teus, estertorizo os segredos meus
Somos abelha e flor...
Tudo é tão simples quando estás perto de mim
Um universo nasce de nós
E o verso parece só nascer para nós
Deve ser amor... apenas amor!
sábado, 9 de janeiro de 2010
Saudades
Queria que o vento varresse o passado
E trouxesse meu amor de volta, sorrindo, para mim;
Que viesse de mansinho,
Mas em alerta como quem resgata um náufrago.
.
Que ao me socorrer me abraçasse forte
Para que o amor não se perdesse novamente.
Em silêncio, um cafuné e um profundo olhar;
Em sussurros, gemidos de prazer e carinho no céu da boca.
.
Ah, aquela mão a dedilhar a minha...
Aquele jeito dengoso de me namorar...
Hum... beijo macio, suave sedução...
.
Queria ser capaz de controlar meu próprio coração,
Há tanta saudade de amor aqui dentro
Parece que a porta se fechou de vez...
O Céu Está Chorando...
O céu está chorando
Um anjo caiu desfalecido
Sobre uma pluma soprada pelo vento
As lágrimas caem borrando a maquiagem
O coração treme ansioso
As mãos pulsam sobre a nudez
A voz apenas não sai...
.
O céu está chorando
O tempo está fechado
A dor é a estocada de uma adaga
Meu anjo parece dormir tão sereno
Será que sonha? Ou é só esquecimento?
.
O céu está chorando
Meu anjo não acordou
Quem dera a música fosse capaz
De trazê-lo aos meus braços uma última vez...
.
O céu está chorando
Meus olhos estão chovendo
Uma história de amor está partindo!
.
O céu está chorando
Continua chorando
.
Apenas chora...