domingo, 25 de abril de 2010

Requiem

Eu chorei no teu adeus
Talvez o amor me cegou tal que não percebi
Choveu e a manhã não amanheceu
Apenas nuvens cinzas caminharam comigo
As cores da dor pintaram meus lábios
Amei como sempre amei, sozinho,
Vi teus olhos esquecerem meu retrato
Teus cabelos ao vento voaram como lembranças

Chorei no teu adeus
E doeu tanto meu coração
Os frutos caíram no mofo dos dias
Cantarolei piano, porque o medo me consumiu
As poças d'água resfriaram minha vida, minha alma
Meus joelhos vergaram sem forças, torres arrasadas,
Sonhei e sempre sonhei, apaixonado,
O trem partiu, teu perfume partiu, meu peito se partiu

No teu adeus
Perdi a luz
A vida perdeu o sentido
A noite realçou o prata da chuva nas luas das poças d'água
Lágrimas que o céu também derramou
Eu permaneci ali, senti tanto frio
O quadro foi pintado em tons de gélido cinza
Pensei, soquei o ar como sempre e pensei: e agora?
Chorei

Teu adeus
Foram mortais estacas
As folhas caídas, pisoteadas, se desmancharam na calçada
Gotejou tristeza dos poros do meu corpo
Caído, marcado, me diluí na dor do desamor
E disse à última poesia: até breve...

Adeus

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