sábado, 9 de outubro de 2010

11 de Setembro

Quantas estrelas há no céu?

Será que alguma delas chora,

Quando caem duas torres de papel?

Quem dera alguma fosse de babel...

Babilônia de vozes alarmadas

Baques surdos em meio a fumaças

Almas em concreto e ferro aprisionadas

Um crepúsculo sangue embebido no pó

Óleo de avião derramado em taças

De enferrujados olhares perdidos, impotentes...

Talvez a desgraça testasse o homem como Deus a Jó

Ou apenas dissesse: hoje vai ser diferente

2996 não foi o milhar da loteria,

Mas quem herdou um desses bilhetes

Não sorriu, não soltou foguetes...

Será que o diabo se ria?

Ou até ele ficou descrente?

Foi um Setembro de triste onze;

O céu ferido ecoou

E naquela noite nenhuma estrela ousou

Surgir de seu opaco bronze

Para sequer chorar no véu da noite...

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