sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Canto Pra Minha Morena

Minha linda, dengosa
Morena fogosa
Te pego, te trato,
Te beijo, maltrato.
É desejo, lampejo
Teu cheiro farejo
Tão longe sem medo.
No teu seio me farto,
Tua pele meu dedo
Enlouquece de anseio,
Teu ventre é meu quarto,
Tua boca eu leio
Em silêncio sincero,
Te amo, te quero,
Te chamo, te espero
Mulher...
Doce e delgada,
Diz que me quer,
Então te deixo suada,
Alegre, avoada,
Pronta pra vida;
Minha adorada, querida,
Fruto da terra, Bahia...
Sou pobre, de sorte,
Provo da morte
Tão nobre. Só vi a
Fiel felicidade
Em ti, aqui, acolá.
Por toda cidade
Eu canto, eu grito,
Eu pio que nem sabiá...
E digo a todos
De todos os modos
Aquilo que escutar
Você quer:
Vem me amar,
Pois a amo mulher!

sábado, 16 de outubro de 2010

Garota de Porto Alegre

Nossa,
Que doce menina
Morena flambada
É Ela tão linda
Que dança descalça
Num charme encanto
Que me faz balançar...

Moça
De olhos ousados
Trejeito menina
Que beija roubado
Me toma, fascina
Que doce é a vida
Quando diz me amar...

Ah, eu não estou mais tão triste
Ah, como tudo é tão belo
A felicidade existe
Alegria que não é só minha
É dela também nas entrelinhas...

Ah, se ela quisesse
Quando vem e abraça
Meu corpo inteirinho
Eu lhe dava de graça
Somos dois passarinhos
Prontos pro amor...
Prontos pro amor...

É só com amor...

Ah, se ela quisesse
Quando vem e abraça
Meu corpo inteirinho
Eu lhe dava de graça
Somos dois passarinhos
Prontos pro amor...
Prontos pro amor...

Fazendo amor...
Fazendo amor...
Fazendo amor...
Só amor...
Só amor...
Amor...

sábado, 9 de outubro de 2010

11 de Setembro

Quantas estrelas há no céu?

Será que alguma delas chora,

Quando caem duas torres de papel?

Quem dera alguma fosse de babel...

Babilônia de vozes alarmadas

Baques surdos em meio a fumaças

Almas em concreto e ferro aprisionadas

Um crepúsculo sangue embebido no pó

Óleo de avião derramado em taças

De enferrujados olhares perdidos, impotentes...

Talvez a desgraça testasse o homem como Deus a Jó

Ou apenas dissesse: hoje vai ser diferente

2996 não foi o milhar da loteria,

Mas quem herdou um desses bilhetes

Não sorriu, não soltou foguetes...

Será que o diabo se ria?

Ou até ele ficou descrente?

Foi um Setembro de triste onze;

O céu ferido ecoou

E naquela noite nenhuma estrela ousou

Surgir de seu opaco bronze

Para sequer chorar no véu da noite...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Auschwitz

Somos zumbis

Em um safári de pedras,

Preciosos rubis

Por escuras ruas nuas

.

Somos urbanos,

Sós em meio à multidão;

Subúrbios humanos

De fome, peste, sem nomes, sem vestes

A esmos na escuridão

.

Somos o mal

Em cada face da dor;

O impulso animal

Do sexo anexo ao perplexo amor

.

Somos impulso,

A vontade em todo desejo;

Perigosos avulsos,

Fatais no beijo

.

Somos carne e pão

Em uma melodia de meio dia;

Somos sangue e mel’agrião,

A morte,

Amor tenro em romântico cântico à melancolia

.

Somos sinais

Em uma estação de trem;

A vida que de um violino esvai

Às lágrimas de uma princesa prisioneira

Do passado tanto amado, do pranto refém

.

Somos a noite e a escuridão,

As sombras e os sussurros

Das almas que vêm e vão;

Somos aqueles que invadem os sonhos:

A agonia manifesta nos urros,

O desespero insolente da mente,

O medo medonho,

A ansiedade desmedida

.

Somos soldados sem sol, sem dados,

Sem sinfonia de vida;

O sofrimento das lembranças devidas,

O início, suplício, que segue para o fim...

sábado, 3 de julho de 2010

Presente

É surdo o baque da realidade,

Passamos todo o tempo planejando,

Construindo o futuro,

Apagando o passado;

Almejando títulos, amores, posses;

Somos ventanias,

Às vezes causamos turbulência,

Outras refrescamos o humor;

Somos o tempo da ventania

E o passado não existe

E o futuro não existe,

Há apenas ventania

E por certo tempo;

Nesse tempo podemos carregar

O que pertence à realidade;

É a ventania do tempo,

É o que somos

E assim como o tempo,

Nós também temos fim...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Aos Meus Amigos

Estava cansado e triste

Querendo dar adeus

Mas uma gurizada doida de medonha

Consolou o eu e meus outros eus

Disseram pr’eu ser gauche na vida

E lá me fui comprar doces na venda

Pr’o menino doente que vive na minha rua

Foram balas, pirulitos, bombons

Queria mesmo era passear de mãos dadas pela lua

Com a Maria bonita do laço de fita

Mas mesmo não sendo princesa

Ela casou-se com um príncipe encantado

Fiquei desolado

Me fui pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Do José também

Lá me apaixonei por uma guria

Não era uma linda prostituta

Mas gostava de me namorar

Ela se chamava Poesia

E eu lá era homem de duvidar?

De tantas belezas que ela podia me dar

Me deu uma flor amarela

Para eu sempre lembrar que a vida é bela

Nos contornos de amigos numa aquarela

E que um dia enfim

Descolorirá...

domingo, 25 de abril de 2010

Requiem

Eu chorei no teu adeus
Talvez o amor me cegou tal que não percebi
Choveu e a manhã não amanheceu
Apenas nuvens cinzas caminharam comigo
As cores da dor pintaram meus lábios
Amei como sempre amei, sozinho,
Vi teus olhos esquecerem meu retrato
Teus cabelos ao vento voaram como lembranças

Chorei no teu adeus
E doeu tanto meu coração
Os frutos caíram no mofo dos dias
Cantarolei piano, porque o medo me consumiu
As poças d'água resfriaram minha vida, minha alma
Meus joelhos vergaram sem forças, torres arrasadas,
Sonhei e sempre sonhei, apaixonado,
O trem partiu, teu perfume partiu, meu peito se partiu

No teu adeus
Perdi a luz
A vida perdeu o sentido
A noite realçou o prata da chuva nas luas das poças d'água
Lágrimas que o céu também derramou
Eu permaneci ali, senti tanto frio
O quadro foi pintado em tons de gélido cinza
Pensei, soquei o ar como sempre e pensei: e agora?
Chorei

Teu adeus
Foram mortais estacas
As folhas caídas, pisoteadas, se desmancharam na calçada
Gotejou tristeza dos poros do meu corpo
Caído, marcado, me diluí na dor do desamor
E disse à última poesia: até breve...

Adeus

Palavras

De que me adiantam as palavras
Se delas as almas me faltam
Me fazem falta
Palavras desalmadas
Mal amadas
Palavras que me faltam
Mal se adiantam desalmadas
Faltam as palavras
Amadas
Palavras fazem falta
Falta fazem as amadas
Desalmadas amadas mal amadas
As almas delas faltam
Me faltam amadas palavras
Mal me fazem
As desalmadas
De alma amada
As palavras...

Balcão de Doces

Ao olhar o balcão dos doces
Tudo se resumia a um imenso vazio
Vazias vidas passageiras
De prazer doce amargo;
Era um vazio passageiro de abraço amargo doce,
Ao balcão dos doces, abraçou o vazio...

domingo, 4 de abril de 2010

Às Butterflies

Escuto o coração forte bater
São luzes de uma cidade
Chamada felicidade
Piano tecer

Dedilhados suados na malha
Estrelas estalando dedos
Desaparecendo os medos
Do amor que à alma entalha

É a música do bem
Um conjunto de notas tais
Que fazem dos sonhos fireflies

Então deixo a alegria voar também
Vai que encontre um sorriso em algum cais
Ou na feliz cidade algo a mais...

sexta-feira, 12 de março de 2010

Felicidade Clandestina

A paixão é o nosso ideal de ilusão

Nos entregamos, movemos céus e luas,

Vagamos moribundos pelas ruas

Por um olhar, um beijo, um pois não...

.

De tanto insistir chegamos ao clímax

Nos fartamos de tanta emoção,

E quando termina a grande ação

Resta dor, veneno, antrax

.

A felicidade essa clandestina

Entra na nossa vida sem pagar passagem

Desce antes do fim da linha e desatina

.

Os nossos planos seguros de viagem

No engano somos a própria morfina

Na vida personagens de uma miragem...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Haiti

O mundo está chorando,
Deus abandonou o homem à sua imagem e perdição;
Bastaram minutos para o fim do mundo
E no pó muitos estão e ficarão esquecidos.

Médicos tentam curar a esperança,
Mas a alma já está morta;
Homens resgatam vidas,
Mutiladas mulheres dão vida à luz do entardecer.

A torre confundiu as línguas dos homens,
Por isso poucos falam amor;
Deus abandonou o homem à sua sorte e arbítrio.

Todas bocas que falam sentem fome
E a fome é a língua da dor e do abandono;
A terra tremeu; desde então as crianças só choram...

Morte

É madrugada e o sono simplesmente não vem,
São centenas de pensamentos turvos;
Opacas formas de perceber,
Se perceber

O corpo é uma marionete,
E a vontade, um caos;
Desfigurada realidade
E o que é real?

A lâmpada parece piscar,
Os olhos ardem irritados,
A cabeça lateja densa

A lua observa um córrego vermelho,
São quietudes narradoras de tonturas,
A carne cai, a vista fixa, as pupilas dilatam a noite...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Poesia

O que é a poesia senão aquilo que passa
Levando consigo uma pequena parte de nós
Deixando conosco uma grande parte de si

Enquanto nós passamos na efemeridade da vida
A poesia permanece em sua austeridade
Encantando outras vidas
Possuindo outras vidas

A poesia é o acontecimento
De algo que não se vê com o olhos
É a indefinição por excelência

Somos os veículos da poesia
Estacionados em sentidos que correm
Dentro de enormes garagens
Onde guardamos sempre o melhor para nós

A Janela

Da incômoda segurança do meu quarto,
Vejo o mundo acontecendo...
Em algumas manhãs chove lá fora,
Em outras, há o ocre do dia.

A janela é o limite do meu mundo;
Há um outro mundo lá fora e
Não há espelhos quando se anda pelas ruas.

O tempo passa quando não estamos olhando
E passa depressa quando esquecemos dessa existência;
A janela reflete quem sou e
Desnuda o mundo aos olhos meus.

A janela é a fenda no tempo;
O momento do eterno envidraçado
Só para refletir aquilo que chamo solidão...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Simples Assim

Tudo é tão simples quando estou perto de ti

Um mundo passa diante de nós

E o tempo parece não passar

É apenas amor...

Quando tua cabeça cai sonolenta ao meu peito,

Meu coração bate mais forte para que tua alma saiba

Que ele só bate, porque estás ali...

Quando despertas, o cafuné termina em longos beijos,

E logo, com a cabeça ao meu colo, narras tuas histórias;

Fico somente calado mirando nos teus olhos,

Mergulho num oceano profundo e

Afogo-me nos braços teus, estertorizo os segredos meus

Somos abelha e flor...

Tudo é tão simples quando estás perto de mim

Um universo nasce de nós

E o verso parece só nascer para nós

Deve ser amor... apenas amor!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Saudades

Queria que o vento varresse o passado

E trouxesse meu amor de volta, sorrindo, para mim;

Que viesse de mansinho,

Mas em alerta como quem resgata um náufrago.

.

Que ao me socorrer me abraçasse forte

Para que o amor não se perdesse novamente.

Em silêncio, um cafuné e um profundo olhar;

Em sussurros, gemidos de prazer e carinho no céu da boca.

.

Ah, aquela mão a dedilhar a minha...

Aquele jeito dengoso de me namorar...

Hum... beijo macio, suave sedução...

.

Queria ser capaz de controlar meu próprio coração,

Há tanta saudade de amor aqui dentro

Parece que a porta se fechou de vez...

O Céu Está Chorando...

O céu está chorando

Um anjo caiu desfalecido

Sobre uma pluma soprada pelo vento

As lágrimas caem borrando a maquiagem

O coração treme ansioso

As mãos pulsam sobre a nudez

A voz apenas não sai...

.

O céu está chorando

O tempo está fechado

A dor é a estocada de uma adaga

Meu anjo parece dormir tão sereno

Será que sonha? Ou é só esquecimento?

.

O céu está chorando

Meu anjo não acordou

Quem dera a música fosse capaz

De trazê-lo aos meus braços uma última vez...

.

O céu está chorando

Meus olhos estão chovendo

Uma história de amor está partindo!

.

O céu está chorando

Continua chorando

.

Apenas chora...